sábado, 16 de agosto de 2008

[rela]ação de quinta_02

Passaram-se anos. Conheci gente diferente. Tive experiências extraordinárias. Outras não. Fui a carnaval. Trabalhei no Carnaval. Fiz campanha contra o carnaval e foi durante esta época que tudo aconteceu. A culpa foi de uma ida a um casamento da qual não fui convidada e não conhecia os noivos. Mesmo com o padre dizendo coisas absurdas, porém verdadeiras, os noivos disseram sim. A recepção começou, com ela a música, os olhares e os garçons servindo champanhe.

Resolvi aceitar. Apenas uma taça, afinal eu me conheço quando passo dos limites. Mas este não seria o caso. Sou uma mulher adulta, sei me controlar. Resultado: depois de um repertório que eu conhecia de trás pra frente eu senti o mundo rodar. Acredite: isso não é licença poética. O mundo realmente rodou. E lá estava eu. Alta. Ele percebeu e continuou as brincadeiras que eu queria que ele levasse sempre à sério.

Fui convidada pra uma noite. O garçom resolveu se fantasiar de cupido e nos presenteou com mais uma garrafa de champanhe. Eu não precisava mais. Já estava no limite de dizer tudo o que eu sempre quis dizer e fazer, mas nunca tive coragem.

Entramos no carro em direção ao paraíso. Não o paraíso de Dante, que é chato e convencional. O paraíso era nosso. Absolutamente. Toques, cheiros, sussurros, beijos, mordidas, olhares, provocações, vergonha, risadas, queda, desejo de continuar. Por horas, dias, anos. Sem parar. Só nós dois. Sem interferências. Sem comentários. Apenas paixão.

Fomos pra casa. Acordei com hematomas roxos no corpo. Conversas por horas a fio. Medo de continuar e o desejo do querer. “Segunda de manha eu passo na sua casa”. Medo. Medo. Medo. Ele ligou. Apareceu. Deixou-me. Saudade daquela segunda e do sentimento que ela trouxe.

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