quarta-feira, 29 de outubro de 2008

despedida


Começou assim:


A hora do encontro é também despedida a plataforma desta estação, é a vida.


e foi indo...


... uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão...


indo....


Tudo em ti era uma ausência que se demorava:Uma despedida pronta a cumprir-se.



até que é chegado a hora. e o desejo de felicidade pra você, é imenso.


Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho.

"Vende-se ela"


"Esposa à venda. Modelo 1983, em boas condições. Tem todo o equipamento necessário, boas suspensões, e é espaçosa. Este é o segundo proprietário. O preço é negociável. No preço estão incluídos também acessórios de três e cinco anos. Solicito seriedade".

terça-feira, 28 de outubro de 2008

abandonado




glauber, o peixe dourado

solidão


a solidão sempre aparece com beijos & bombons

a solidão faz visitas regulares a seus amigos íntimos

a solidão procura o inverno em pleno verão

a solidão brinca no mar com seus dedos de açúcar

a solidão vive sorrindo pra desconhecidos

a solidão ainda se emociona com filmes antigos na televisão

a solidão tem olhos escuros,

a solidão tem olhos azuis

a solidão tem uma cerca branca com rosas e uma bicicleta

a solidão imagina gueixas cujos olhos são borboletas de vidro

a solidão é uma loucura e arrebata concursos de beleza

a solidão bebe em meu corpo seu próprio desespero

a solidão adora esconde-esconde e amarelinha

a solidão coleciona diários e discos do coltrane (ou quem sabe postal?)

a solidão usa pijamas de bolinhas e óculos quebrados

a solidão depois do sexo ainda se sente sozinha

a solidão e eu somos apenas bons amigos

a solidão corta meus pulsos com uma gilete de sal

depois sai chapada pelas ruas com uma folha de alface na lapela


(roubei de vanessa bárbara que roubou de um tal rodrigo garcia lopes que ela não faz idéia de quem seja)

o sexo é sagrado



O sexo é sagrado,
como salgadas são as gotas de suor
que brotam dos meus poros
e encharcam nossas peles.
A noite é meu templo
onde me torno uma deusa enlouquecida
sentindo teus pelos sobre a minha pele.

Neste instante já não sou nada,
somente corpo,
boca,
pele,
pêlos,
línguas,
bocas.

E a vida brota da semente,
dos poucos segundos de êxtase.
Tuas mãos como um brinquedo passeiam pelo meu corpo.
Não revelam segredos desvendam apenas o pudor do mundo,
descobrem a febre dos animais.
Então nos tornamos um
ao mesmo tempo em que a escuridão explode em festa.
A noite amanhece sem versos,
com a música do seu hálito ofegante.

O sol brota de dentro de mim.
Breves segundos.
Por alguns instantes
dispo-me do sofrimento.
Eu fui feliz.


(claudia marczak)

brodinhos


ele diz: cuidado, eles podem te morder.


ela responde: que nada, eles são meus brodinhos....

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

domingo, 19 de outubro de 2008

que liberdade é essa?


“onde você pode ou não se sentar, como você pode ou não viver, o que você pode ou não viver, o que você pode ou não aprender, quem você pode ou não amar. Entre o ato banal de liberdade e sua negação histórica surge o silencio”.


(h. bhabha)

um rio chamado tristeza


"
Na margem sentado,

molho os pés

na tristeza

as águas turvam

o meu reflexo


-eu impresso

na seda das águas?, reuno

com o copo

das mãos


a espuma

do meu rosto.
"



(joão tomaz pereira)

mexa-se


"O mínimo que se pode pedir a
uma escultura é que ela não se mexa".


(salvador daqui, ops, dalí)



sexta-feira, 17 de outubro de 2008

em busca da paixão perdida


Procuro debaixo da cama, mas só encontro monstros. Será que a paixão se escondeu no limbo junto com o amor-sépia? Odeio estar apaixonada (mentindo). Então devo estar feliz (enganando-se).

Quanto mais procuro algo ou alguém que me arrebate, mais sinto que só eu mesma já será o bastante. Pois assim tem sido. O bastante para se levar uma vida besta.


Para que tantos anos vividos? Para transformá-los em anos falsamente inesquecíveis? Hein, meu amigo Pentium D? Que estou pagando em 10X. Mas se soubesse que jamais me abandonaria, como sei agora, o pagaria à vista.


A paixão continua lá, vermelha como carmim. Atraente, viva, com a boca aberta e a língua a serpentear. Eu é que não consigo tocá-la com os meus músculos alongados em câimbras.


Nos filmes, quando o protagonista está pendurado em um abismo, o coadjuvante se debruça em terra firme, estica bem os dedos até, enfim, alcançá-lo. Alívio na platéia.


No meu caso com a dita, acontece o oposto. Quanto mais eu perfilo meu corpo em sua direção e ela chega até mesmo a me respingar com seu sangue quente e gostoso, mais distante nos tornamos. Acho que vou cair.


Essa é uma distância tão desmesurada que me força a transformá-la em um drama mexicano. Quem sabe assim as moléculas que nos rodeiam se apiedam e constroem, uma agarradinha a outra, uma escadinha até a formação de uma sinapse. Uma conexãozinha já terá valido.


Ai, paixão que não me arde, que me ausenta, que me deixa transparente, inconsistente. Sinto o vácuo embrulhar o ventre.


Vou dormir, porque assim eu vou morrendo um pouquinho a cada vez. Entre uma não-paixão e outra. Esquecendo todas as que se foram. Não lembrando as que poderiam ter sido.


O cansaço é tão grande que apelo para uma forma de expressão que nem é minha. Um texto que mais parece de outro autor. Instigada que sou por um surto de vazio mortal. Para me pendurar na vida de algum jeito. Um jeito cifrado que só eu entenda.


Porque tenho vergonha de expor humanidades que não me vendem bem.


Estou mergulhada mais do que imaginava na cultura das aparências. Não sou fodona como eu supunha. Pronto, agora todos já sabem.


Desculpe, querido leitor. Você que chegou até aqui com a sensação de estar indo em direção a um endereço errado. Veio confirmar o nome da rua e o número? A boa notícia é que você realmente está no destino errado. A má é que esse erro te trouxe ao meu avesso.


Perdão por trazê-lo até aqui por nada. Por uma paixão que nem existe.


(texto de autoria de: cristiane soares

pq vc é a essência da frase



"sou exatamente como um rémedio,

saiba respeitar a dose correta

e serei sua cura,

caso contrário

serei seu maior veneno..."

ie ie ie romântico




"que ainda estou sozinho e apaixonado

eu vou fazer uma canção de amor,

como um objeto não identificado".

ao som dos imbecis


os cogumelos do paraíso


Minha loucura

não tem complexo

nem de Édipo, nem de Electra,

nem de qualquer puro amor

que saia das artérias.


Vivo no paraíso dos cogumelos

dias tristes, dias alegres,

mas tudo é ilusão passageira,

só não passa nesta vida a casca estrangeira.


O doce e o amargo

do sabor da tua língua

ficou no Caribe

lá nos Portos cheios de gozo

e de prostituição.


Os cogumelos do paraíso

são adubados com a maresia

e os marujos já não são mais fêmeas,

pois as fêmeas são eternos machos

depois da ceia que consome seus rabos.


Nós não temos nada,

se temos a vida

ela ainda nos deve a morte,

portanto tudo é ilusão

dias de trabalho, outros de ócio

dias de amor, outros de ódio,

e os cogumelos são adubados para fabricar desejos,

e onde não há alucinação

não germina gente,

nem se fabrica coração.


(cristiane nedder)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

aaaaaarrrrhhhhgggggggg


aaaaaarrrrrrgggggg!!!!!!

bom mesmo é o lobo mau


que te vê melhor,

que te ouve melhor .......


e ainda te come!

quero um homem...


Quero um homem que toque minha alma,


que entre pelos meus olhos


e invada meus sonhos.


Quero que me possua inteira,


corpo e alma,


fazendo dos meus desejos


breves segundos de êxtase


o prazer do encontro total.


Quero sentir seus braços longos


envolvendo meu abraço,


seus lábios mudos calando o meu silêncio


sem precisar nada dizer...


apenas me olhando com olhos negros e úmidos


e me tomando devagar,


como o mar avança na praia,


como eu sei que tem que ser e


sei que um dia será.


(cláudia marczak)

essas histórias


histórias que são de ninguém

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

assumo os pecados




" e o que me resta é só os gemidos"

maduro fruto




"escorre da minha boca, por onde entra e sai o mundo"


(desculpa, gente, mas não resisti)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

sensacional a campanha



começa agora, a campanha sem vergonha!

domingo, 5 de outubro de 2008

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

noite molhada de chuva



"O canteiro está molhado.

Trarei flores do canteiro,

Para cobrir o teu sono.

Dorme, dorme, a chuva desce,

Molha as flores do canteiro.

Noite molhada de chuva,

Sem vento, nem ventania,

Noite de mar e lembranças..."


(c.m)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

fechado




sem tempo para balanço.

fechado pelo tempo e pelos segredos. sem querer estar.


o melhor é ficar só.